De olho na Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP15) na China: o Comissário Europeu para o Meio Ambiente bate às portas da América Latina. Também os das populações amazônicas.
“O mundo não pode perder mais florestas, nem uma economia brasileira saudável. Parar o desmatamento é possível com um plano e objetivos claros, desbloqueando também um modelo econômico sustentável”, diz Virginijus Sinkevicius em um trinado do Brasil.
Numa viagem pela América Latina, que o leva da Colômbia ao Brasil, e depois à Argentina e Uruguai, o comissário europeu para o Ambiente, Oceanos e Pescas tem como lema o combate ao desmatamento e a proteção da biodiversidade na Amazônia.
Da colombiana Leticia, a política lituana chegou a Manaus, coração da floresta amazônica brasileira, país que liderou em 2021, segundo relatório do World Research Institute (WRI), desmatamento: dos 3,75 milhões de hectares de áreas primárias das florestas perdidas mundialmente naquele ano, 40%, de um total de 1,5 milhão de hectares, correspondiam ao Brasil.
Tarefas no calendário
Nesta situação, Bruxelas procura uma nova certificação para o mercado europeu: um selo que garanta que o produto em questão -madeira, animal ou vegetal- não está envolvido na destruição de floresta primária.
Em sua lista de tarefas, a promoção de economias circulares, verdes e biológicas e investimentos; Pare o desmatamento; proteger a biodiversidade terrestre e marinha; promover uma paisagem sustentável e resiliente e a reconversão das cadeias de valor alimentar e da produção rural.
Nesse contexto, o comissário Sinkevicius conversou com Alexandra Moreira, secretária-geral do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), organização que vem evoluindo desde 1978 e, entretanto, inclui as metas da agenda da ONU 2030 entre seus objetivos, agora de desenvolvimento sustentável .
“Uma das prioridades do nosso tratado é gerar melhores condições de vida para os habitantes da Amazônia. Partimos da inclusão plena dos territórios a partir do uso racional dos recursos que abriga, a partir do recurso hídrico, pedra fundamental desta tratado.”, disse Moreira à DW.
Não apenas florestas e água
O papel da OTCA, convidada para as Jornadas anuais do Desenvolvimento da UE, é colaborar nas “agendas positivas” dos oito países que compartilham a Amazônia, entretanto algo que é percebido como patrimônio universal. , Equador , Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, que são membros da OTCA desde 1978?
“Não somos uma instituição supranacional, cada país com sua soberania”, explica Moreira. “Mas uma questão pilar é o manejo florestal, sim. No entanto, é preciso entender que a Amazônia não é apenas florestas, biodiversidade e água, mas um conjunto de elementos que compõem esse ecossistema, incluindo mais de 40 milhões de habitantes. falando em 40% do território da América do Sul, isso significa planejamento e gestão pública”, disse Moreira, ressaltando que os países amazônicos vêm investindo em ações conjuntas desde a década de 1970.
De qualquer forma, e após os alarmes disparados nos países da UE após os incêndios na Amazônia, Moreira comenta: “Gostaria que fosse apenas o controle das queimadas e do desmatamento. São territórios com muita desigualdade. levar em conta o trabalho multidisciplinar e planejado ainda a ser feito”.
De qualquer forma, de olho na Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP15) que acontecerá no final do ano na China, o comissário europeu bate às portas da América Latina em busca de aliados. Entre eles, as populações amazônicas. “A UE ouve, ecoa e apoia suas demandas”, declarou Sinkevicius no Brasil.
(mb/lgc)