O cantor Caetano Veloso questionou ochefe-executivo por trás do ChatGPT, Sam Altman,como os artistas vão ser remunerados pelo uso deproduções culturais no desenvolvimento deinteligências artificiais (IA). Altman respondeu queconcorda que os criadores devem ser pagos, semespecificar como.
A cena foi relatada à reportagem por RonaldoLemos, cientista-chefe do Instituto Tecnologia eSociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio) e colunistada Folha. A organização recebeu o executivo dastartup de IA OpenAI nesta quarta-feira (17) paradiscutir o impacto dessa tecnologia sobre o Brasil.
Altman falou sobre o pagamento de artistas poruso de propriedade intelectual e mudanças que atecnologia pode trazer em educação, jornalismo,cibersegurança e design, segundo Lemos.
Em depoimento ao Senado americano na terça-feira (16), o executivo da OpenAI disse apoiar acriação de um marco regulatório a nívelinternacional para IA. Ele cita a experiência daAgência Internacional de Energia Atômica paramitigar riscos nucleares como exemplo.
Altman repete a ideia desde 2021, quando publicouensaio sobre avanços, desafios e eventuaiscatástrofes que a tecnologia trará ao mundo. Oexecutivo compara o impacto da IA à criação dainternet e de armas atômicas.
Para o chefe-executivo da OpenAI, essaregulamentação precisa de equilíbrio, já que há umduplo interesse: proteger a sociedade dos riscosdesse desenvolvimento, sem destruir acompetitividade local. Os Estados Unidosconcorrem pelo domínio da tecnologia com aChina, que, por exemplo, aplicou soluções de IAcom melhor resultado nas redes sociais, quandodesenvolveu o TikTok.
Altman também perguntou sobre o projeto de leibrasileiro para regular inteligência artificial,apresentado pelo presidente do Senado RodrigoPacheco (PSD-MG) no último dia 4. SegundoLemos, o executivo norte-americano não tinhaconhecimento do teor do projeto.
Para o cientista-chefe do ITS-Rio, o projeto nascedatado por ter sido formulado antes dolançamento do ChatGPT no último mês denovembro.
O executivo da OpenAI disse aos participantes doevento que conversou com o prefeito do Rio deJaneiro, Eduardo Paes (PSD), sobre medidas paramelhorar o serviço público com IA. Paes tem ditoque pretende transformar a capital fluminense emum centro de inovação.
Nesta quinta (18), Altman vai conceder entrevista àpesquisadora de computação e ativista Nina daHora no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Oevento é promovido pela Fundação Lemann eapoiado pela Prefeitura do Rio.
Ele também discutiu o risco de ataquescibernéticos acelerados por inteligências artificiaisgeradoras com a especialista em segurança IlonaSzabó, colunista da Folha, cofundadora epresidente do Instituto Igarapé. A tecnologia podefacilitar não só a criação de enredos de golpebaseados em engenharia social, como também odesenvolvimento de programas maliciosos.
O ex-secretário de Educação de São PauloAlexandre Schneider e o fundador do grupo deeducação Camino, Fernando Shayer, questionaramAltman sobre os efeitos da inteligência artificial noensino. O ChatGPT vem gerando discussões sobreplágio e novos métodos pedagógicos, desde queganhou popularidade.
Altman ainda comentou que a humanidade está “auma grande ideia” da inteligência artificial geral,quando as máquinas serão capazes de criar novasideias, como fazem as pessoas. Por isso, é urgenteestar preparado, segundo o chefe-executivo.
info. Folha de São Paulo