A Bahia registrou a maior queda de desempenho no Ranking de Competitividade dos Estados, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), e divulgado na quarta-feira (23). Dos dez indicadores medidos no estudo, a Bahia só melhorou em dois e despencou da 17º posição, no ano passado, para o 24º lugar.
Para além de fatores econômicos, os pilares analisados apontam para uma realidade difícil: a qualidade de vida no estado vem se degradando e é a pior do Nordeste.
A queda vertiginosa da Bahia em duas edições do ranking é explicada pela piora no desempenho em seis dos dez pilares analisados pelo estudo. Os quesitos capital humano, eficiência da máquina pública, inovação e potencial de mercado foram os que mais puxaram o estado para o final da lista, ficando a frente apenas de Roraima, Amapá e Acre.
“O que chamou atenção é que a Bahia teve grandes quedas significativas. Foram 17 colocações em capital humano e cinco em eficiência da máquina pública. Mesmo o estado tendo melhorado em dois indicadores, eles não compensaram, o que explica a queda de sete posições”, analisa Lucas Cepeda, gerente de competitividade do Centro de Liderança Pública. O desempenho do estado foi tão ruim que cálculos precisaram ser refeitos porque pareceram equivocados inicialmente. “Essa grande volatilidade chama atenção”, pontua Cepede.
O que significa ser competitivo?
Um estado competitivo é capaz de equilibrar vantagens de mercado e qualidade de vida o suficientemente bem para conseguir atrair capital e investimentos. “Os estados que mais sobem no ranking traduzem uma melhora da qualidade de vida da população. Os que descem, têm dificuldades em avançar nessa pauta”, resume Lucas Cepeda. São Paulo, Santa Catarina e Paraná estão no topo do ranking.
Mas quais são os gargalos que travam a engrenagem que deveria fazer a Bahia evoluir?
Segundo o estudo, a Bahia tem o pior índice de capital humano do país. Dentro desse pilar estão fatores como o nível educacional da mão de obra, aspectos ligados à inserção no mercado de trabalho e os impactos sobre a produtividade da economia. O estado tem ainda a pior inserção econômica do país – proporção de ocupados em relação à População Economicamente Ativa (PEA). O dado mais recente do IBGE sobre inserção, do segundo trimestre deste ano, aponta que dentre todas as pessoas em fase produtiva na Bahia, 86,6% trabalham. O que significa que mais de 928 mil pessoas estão desocupadas.
A situação da educação na Bahia também é preocupante. O estado tem a menor taxa de matrículas na educação infantil (45,2%), a segunda menor taxa de matrículas no ensino médio (88,2%) e a terceira menor taxa de conclusão do ensino médio (73,2%).
A eficiência da máquina pública também é um problema na Bahia. O estado tem a 13ª pior avaliação no quesito, com uma nota de 57,33. A avaliação considera fatores como a transparência, a capacidade de arrecadação e a efetividade na prestação de serviços.
O cenário é desanimador, mas há algumas medidas que poderiam ser tomadas para melhorar a competitividade da Bahia.
- Investir na educação, para melhorar a qualidade da mão de obra e aumentar as chances de inserção no mercado de trabalho.
- Fortalecer o empreendedorismo, para criar mais oportunidades de trabalho e renda.
- Atrair investimentos privados, para gerar emprego e crescimento econômico.
Essas medidas não são fáceis de implementar, mas são necessárias para que a Bahia possa sair da situação atual e se tornar um estado mais competitivo.