Integrantes do núcleo mais próximo de Jair Bolsonaro avaliam que a falta de apoio entre os militares pode ser decisiva para uma condenação e até eventual prisão do ex-presidente.
A avaliação é que o suporte de Bolsonaro entre os fardados ruiu depois do envolvimento do general Mauro Lourena Cid no caso das joias.
Antes disso, havia a expectativa de que setores militares pudessem “dialogar”, ou seja, fazer pressão sobre o Judiciário por Bolsonaro e pela liberdade do tenente-coronel Mauro Cid, filho do general.
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente é um dos pivôs dos escândalos que envolvem o ex-presidente, e está preso há mais de três meses.
Os indícios de que tanto o tenente quanto o general manejavam recursos de caixa dois em benefício de Bolsonaro teriam desmoralizado qualquer tentativa de militares de interferir nos processos.
Pela mesma análise, eles lavaram as mãos e se afastaram do problema, deixando Bolsonaro de lado.
O general Mauro Lourena Cid emergiu no escândalo depois que mensagens de seu filho, o tenente-coronel Mauro Cid, mostraram que o pai ajudou a comercializar objetos de luxo de Bolsonaro no exterior.
O general passou a ser investigado sob a suspeita de gerar um caixa dois para o ex-presidente, fruto da venda das joias.
Em mensagens interceptadas pela Polícia Federal, o tenente diz que o pai general tinha US$ 25 mil para entregar a Bolsonaro. Em dinheiro vivo.
A defesa do ex-presidente afirma que as joias foram catalogadas para pertencer ao acervo privado dele. E que, por isso, o ex-presidente poderia vendê-las no exterior se com isso cometer um crime.
A análise de que a falta de apoio militar pode ser decisiva para uma condenação de Bolsonaro é plausível.
O ex-presidente sempre contou com o apoio da cúpula das Forças Armadas, que lhe garantiu blindagem durante seu governo. No entanto, o envolvimento do general Mauro Lourena Cid no caso das joias pode ter abalado essa relação.
O general Cid é um dos militares mais respeitados do Exército, e seu envolvimento em um escândalo de corrupção pode ter sido visto como uma mancha na imagem das Forças Armadas.
Como resultado, setores militares podem ter optado por se afastar de Bolsonaro e não mais interferir nos processos que o envolvem.
Isso pode dificultar a defesa de Bolsonaro e aumentar as chances de uma condenação.