As fake news marcam a batalha pelo segundo turno das eleições presidenciais brasileiras. A imprensa internacinal perde a discussão de propostas políticas.
O jornal Neue Zürcher Zeitung , de Zurique, na Suíça, descreve a polarização que fica evidente na campanha pelo segundo turno das eleições no Brasil, especialmente nas redes sociais, e observa: “ Lula se apresenta como alternativa aos furiosos seguidores de Bolsonaro Os papéis estão claramente divididos nesta eleição, diz o cientista político Guilherme Casarões , da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo., apesar de estar no poder, enquanto o PT (Partido dos Trabalhadores) tem que defender a democracia. Isso traz vantagens para Bolsonaro, pois polêmicas e ataques sempre têm melhor recepção nas redes sociais. As redes sociais são câmaras de eco de suas teorias da conspiração’.
Lula, por sua vez, não responde aos ataques de Bolsonaro de igual para igual, nem mesmo em debates na TV. Ele não se aproveita de seus escândalos de corrupção, porque ele mesmo foi preso por 580 dias por corrupção antes que os processos contra ele fossem anulados por falhas formais. As contas de Lula estão cheias de fotos fofas e coraçõezinhos. É possível atrair eleitores de fora da própria bolha? (…)
A campanha eleitoral mais suja da história brasileira está em andamento, segundo o cientista político Casarões. Diante da extrema polarização entre Lula e Bolsonaro, é impossível falar de ideias políticas. Trata-se de defender cegamente o próprio lado e atacar o oponente de frente. O combate às fake news é muito difícil: ‘Se as fake news confirmam uma convicção que a pessoa já tinha anteriormente, os esclarecimentos não servem mais’”.
Do canibalismo ao satanismo
O jornal Süddeutsche Zeitung, de Munique, relata fatos que explicam o nível de sujeira em que caiu a campanha eleitoral no Brasil e escreve:
“Em vez de propostas, há calúnias, em vez de argumentos, acusações. Enquanto Jair Bolsonaro é obrigado a se defender de acusações de pedofilia, seu adversário, Lula da Silva, é acusado por seus críticos de satanismo. que o político de esquerda supostamente pretende proibir missas na igreja. Um partido acusa seriamente o outro de canibalismo e o outro responde com os supostos planos do oponente de permitir o incesto.”
O que Bolsonaro e Lula têm em comum
O jornal matutino Frankfurter Allgemeine Zeitung , de Frankfurt am Main, observa que 32 milhões de brasileiros não votaram no primeiro turno, e questiona se um dos dois candidatos conseguirá ganhar seu favor.
“Raramente houve uma eleição com tanto ânimo no Brasil. Bolsonaro e Lula da Silva são dois adversários que acima de tudo têm uma coisa em comum: ambos são rejeitados por grande parte da população. Günther de Werk, técnico de vídeo O Homem de 39 anos comenta que não há renovação. Ele diz que os dois lados estão lutando entre si, mas, no fundo, são muito parecidos. E acrescenta que pouco mudou em relação aos problemas do país, e a corrupção floresce como sempre.’ A cena política me aflige’ (…)
A campanha eleitoral gerou uma briga suja, principalmente nas redes sociais. A desinformação e a difamação assumiram novas dimensões na web. Em 2018 foi sobretudo o campo de Bolsonaro que usou essa “arma”, mas agora também é alvo de duras agressões. Lula da Silva teve de se defender, por exemplo, de acusações de que supostamente concorda com traficantes e quer fechar igrejas. Bolsonaro foi confrontado com acusações de pedofilia.”
(EM)/dw