No Aeroporto de Buenos Aires, a entrada de brasileiros tem sido marcada por controvérsias e denúncias de tratamento hostil por parte das autoridades migratórias argentinas. A prática de rotular brasileiros como “falsos turistas” remonta aos anos 1980, durante a ditadura militar argentina, conforme explicado por Diego Morales, advogado especializado em questões migratórias do Centro de Estudos Legais e Sociais da Argentina.
Morales destaca que essa abordagem é incompatível com tratados internacionais, como o acordo bilateral entre Brasil e Argentina de 2004, que facilita a residência permanente para cidadãos dos dois países. Apesar das garantias oferecidas pelo acordo, brasileiros têm enfrentado dificuldades ao tentar ingressar na Argentina, mesmo apresentando documentação adequada.
Segundo relatos, alguns brasileiros têm sido impedidos de se comunicar com familiares ou advogados e recebido tratamento hostil por parte das autoridades migratórias argentinas. Pablo Ceriani, membro do Comitê das Nações Unidas para assuntos migratórios, classifica tais relatos como “gravíssimos”, destacando que os indivíduos têm direito a um defensor e ao devido processo legal.
A situação levanta questões sobre a eficácia dos tratados bilaterais e do Mercosul como ferramentas operativas para facilitar a migração entre os países membros. Ceriani enfatiza que a ausência de mecanismos claros não pode justificar a prática de impedir cidadãos do Mercosul de entrarem na Argentina para iniciar processos de residência.
Diante desses acontecimentos, especialistas e ativistas de direitos humanos têm exigido uma revisão das práticas migratórias argentinas e garantias de respeito aos direitos dos imigrantes. O debate continua em andamento, enquanto as autoridades migratórias argentina enfrentam pressão para adotar medidas que respeitem os direitos fundamentais dos indivíduos que buscam ingressar no país vizinho.