Em meio a articulação, Bolsonaro disse a aliados que falará na tarde desta terça e dirá que sempre zelou pela ordem
Em meio à série de bloqueios de rodovias no país, integrantes do Judiciário articulam uma força-tarefa para convencer Jair Bolsonaro (PL) a reconhecer a derrota na eleição e, assim, ajudar a conter os manifestantes que apoiam seu governo.
Nesta terça-feira (1º), os ministros Bruno Dantas, do TCU (Tribunal de Contas da União), e Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), buscaram outros ministros do Supremo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ministros do governo e presidentes de partidos políticos de centro para tentar convencer Bolsonaro a falar.
Paulo Guedes (Economia) e Tarcísio de Freitas, governador eleito em São Paulo e ex-ministro da Infraestrutura, estão em contato com integrantes do Judiciário.
Em meio a essa articulação, o presidente se comprometeu com aliados a dar um pronunciamento na tarde desta terça. A expectativa é que ele diga que o seu grupo político não prejudica outros brasileiros, zela pela ordem e, sempre criticou invasões de terra, como forma de desengajar os movimentos que estão na rua.
Interlocutores dizem ainda que o chefe do Executivo deve se colocar como o líder da oposição a Lula, referendado por 58 milhões de votos. O presidente, porém, pode voltar atrás na sua promessa de discursar.
A avaliação é que as manifestações escalaram tanto que uma declaração do mandatário é essencial para conter os movimentos de seus apoiadores nas ruas. Bolsonaro está há cerca de 40 horas em silêncio desde que perdeu a eleição.
O presidente também pediu a interlocutores para convidar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) para uma reunião no Palácio da Alvorada.
Os magistrados, no entanto, mandaram avisar que não irão se encontrar com o mandatário, muito menos na sede residencial do presidente, enquanto Bolsonaro não declarar publicamente que aceita o resultado da eleição.
Pessoas próximas a Bolsonaro e outros atores políticos, por sua vez, dizem que o chefe do Executivo precisa dar uma declaração reconhecendo a derrota, mesmo que faça críticas ao Judiciário.
Mais cedo, dirigentes partidários defendiam que Lira fosse até o Palácio do Planalto sozinho ou acompanhado para persuadir Bolsonaro a se posicionar mesmo que não reconhecendo a derrota, mas pedindo aos manifestantes que deixem as estradas.