A Justiça determinou que houve irregularidades durante o processo contra os sócios da boate Kiss, algumas delas relacionadas à escolha do júri.
Um tribunal brasileiro anulou nesta quarta-feira (08.03.2022) o julgamento em que quatro réus foram condenados pelo incêndio que, em janeiro de 2013, deflagrou em uma boate causando 242 mortos e 636 feridos, no sul do país.
A Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul acolheu parte dos argumentos da defesa do condenado e determinou, por dois votos a um, que houve irregularidades durante o processo, algumas delas relacionadas à seleção de o júri.
Com esta decisão, passível de recurso, os quatro condenados em dezembro de 2021, quase nove anos após a tragédia ocorrida na boate Kiss em 27 de janeiro de 2013, ficarão em liberdade até a repetição de um novo julgamento.
Frases longas
Os condenados foram os sócios do clube, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, além de Marcelo de Jesús dos Santos e Luciano Bonilha Leão, cantor e assistente, respectivamente, do grupo Gurizada Fandangueira que se apresentou naquela noite no clube.
Todos receberam sentenças de 18 a 22 anos de prisão por um júri, composto por sete membros, que os considerou culpados dos crimes de homicídio e homicídio doloso por sua responsabilidade no incêndio.
Naquela noite, na boate Kiss, mil jovens comemoraram o reinício das aulas universitárias.
A segunda maior tragédia do gênero
As 242 vítimas morreram principalmente por asfixia após inalar os gases tóxicos liberados por uma espuma anti-ruído que forrava o teto do local e que também servia como material inflamável para espalhar as chamas, que foram geradas depois que a banda de música acendeu um artefato pirotécnico durante sua atuação.
As chamas e a fumaça causaram pânico entre as pessoas que estavam no local e que tentaram sair correndo. Algumas das vítimas foram pisoteadas até a morte e outras foram detidas por seguranças, que pensaram que queriam sair sem pagar.
A tragédia do Kiss, a segunda maior do gênero na história do Brasil após o incêndio de 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, que deixou 503 mortos, a maioria crianças, teve ampla repercussão nacional e foi apenas para julgamento, hoje anulado, quase nove anos depois.