Composição de Tacila Almeida que faz parte do EP Nova Década do Pagodão – lançado em novembro de 2023 -, o single “Eu sou pagodeira” virou projeto audiovisual e será lançado no próximo dia 16, no canal do YouTube da Pagode por Elas, representando mais um movimento importante da plataforma de conteúdo e projetos na construção de uma nova cena do pagode baiano com protagonismo feminino.
“É uma música conceito para as mulheres de periferia, que sempre foram denominadas de forma pejorativa como “piriguetes”, apenas porque estão inseridas na cultura periférica e gostam de pagodão. Acreditamos que construir novas narrativas para um gênero tão marginalizado contribui na construção de uma nova cena musical, com inclusão e equidade na indústria, em todos os segmentos”, explica Beatriz Almeida, co-fundadora da Pagode Por Elas.
Eu sou Pagodeira é uma metáfora visual da realidade periférica, da vivência de mulheres dentro da cena do pagodão baiano, que ainda são marginalizadas, sexualizadas e vistas como submissas, mas estão criando seu próprio estilo e espaço, promovendo a mudança necessária e crescente no cenário do pagode baiano que vem refletindo, inclusive, no mercado.
“Hoje as mulheres de diferentes gerações, estimuladas pelo movimento Pagode Por Elas, são representadas nesse clipe que remete aos antigos pagodes clássicos que caiam na voz do povo. Pagode esse, convidativo à mesa do bar, aos campos de futebol, à barbearia, porém com uma releitura contemporânea e um novo protagonismo, dessa vez feminista, que alcança também salões de beleza, quitandas e é claro os paredões”, completa Mariana Ayumi, diretora geral e criativa do clipe.
Buscando ampliar os formatos de inclusão e acessibilidade, além da tradução em libras de Eurides Nascimento durante todo o audiovisual, o clipe inclui Daisy Santos, uma personagem surda, que também sente e vibra com a música e ao dançar no paredão, faz uma interpretação em libras do refrão da música.
“Quando surgiu o concurso da Pagode Por Elas, eu pensei em trazer uma música que trouxesse um contexto, falando das mulheres, do pagode raiz – que é aquele pagode de antigamente – e falando da favela, pois o pagode tá enraizado dentro da favela. Então, fico muito feliz de tá gravando esse projeto. Espero que vocês gostem”, finaliza a cantora e compositora Tacila Almeida.
Além da Direção de Mariana Ayumi, o projeto contou com a Co-Direção de Joyce Melo e Beatriz Almeida da Pagode Por Elas, Direção de Fotografia e Câmera de Fabíola Silva, Direção de Arte de Clara Matos da Cenosfera, e Direção de Produção de Fernanda Daltro. Considerando toda a ficha técnica, o clipe Eu Sou Pagodeira, contou com uma equipe composta em mais de 90% por mulheres.
O projeto do clipe Eu Sou Pagodeira foi contemplado pelo edital SalCine, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Sobre a presença de mulheres no mercado da música
Em um recorte do pagode baiano, segundo pesquisa de mapeamento feita pela própria Pagode Por Elas, em 2019 foram mapeadas 9 mulheres vocalistas de pagode. Em 2021, após ações realizadas pela plataforma, o número mais que triplicou, passando de 30 artistas. Em contrapartida, a Associação Brasileira da Música Independente revela que 42% das empresas do mercado brasileiro da música gravada possuem apenas homens em seus quadros. Além disso, o relatório anual do ECAD de 2020 indica que apenas 7% dos valores distribuídos em direito autoral foram destinados às mulheres.
Sobre a Pagode Por Elas
É uma plataforma de conteúdo e projetos especializada nas mulheres do pagode baiano e tem o objetivo de construir uma nova década para o pagodão, dessa vez com representatividade, feito por elas. A atuação acontece por meio da frente de conteúdo, com podcast, reportagens e influência nas redes sociais; eventos, a exemplo do Festival Pagode Por Elas; e a frente de educação e selo musical, Som Por Elas.
Iniciativa pioneira, a PPE realizou diversos feitos inéditos sobre o protagonismo das mulheres neste gênero musical: o primeiro artigo científico sobre o tema, “As transformações provocadas pela presença de mulheres vocalistas na cena musical do pagode baiano”; A primeira realização audiovisual, a minissérie “Pagodão: A cena por elas”, lançada com patrocínio da Skol e em parceria com a Diver.SSA; O Podcast Pagode Por Elas; O primeiro festival com line 100% composta por pagodeiras; A primeira reportagem especial “As donas da zorra toda”, além de uma assessoria de imprensa que mudou o resultado das pesquisas no Google sobre “Mulheres no Pagode Baiano”.