A justiça britânica reconsiderará a partir desta terça-feira (13.12.2022), após quatro anos de provação judicial, uma ação coletiva movida por 200 mil entidades e indivíduos, incluindo o povo indígena Krenak, contra a mineradora anglo-australiana BHP pela pior catástrofe ambiental na história do Brasil .
Em 5 de novembro de 2015, a barragem da mineradora Fundão, perto das cidades de Mariana e Bento Rodrigues, no estado de Minas Gerais, se rompeu, liberando quase 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos minerais altamente poluentes.
O tsunami de lama percorreu 650 km pelo rio Doce até o Atlântico, devastou cidades, matou 19 pessoas e devastou a flora e a fauna do habitat ancestral dos Krenak.
Mais de sete anos depois, “não podem pescar, não podem usar a água do rio que atravessa suas terras”, disse à AFP Ana Carolina Salomão, do escritório de advocacia Pogust Goodhead, responsável pela ação coletiva no Reino Unido. .
“Mas é muito mais do que isso”, diz ele, porque “eles veem o rio como seu deus”. “Em consequência da morte do rio, na sua perspetiva, por causa desta calamidade, não podem celebrar eventos sociais marcantes para as suas vidas, relacionados com nascimentos, casamentos e rituais de passagem”, sublinha.
“A incapacidade de transmitir sua tradição cultural às novas gerações está prejudicando sua auto-estima e sua própria saúde mental”, acrescenta, especificando que cinco lideranças indígenas viajarão ao Reino Unido para audiências, marcadas para terça e quarta-feira em um comercial tribunal no tribunal de High London.
A barragem pertencia à Samarco, joint venture entre a brasileira Vale e a anglo-australiana BHP-Billiton, listada nas bolsas de Sydney e Londres.
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